sábado, 24 de novembro de 2012

Entrevista com Kerckhove



Gente encontrei essa entrevista com Kerckhove e quis compartilhar, não sei se ja tinham lido mas é bem interessante. Leiam



Derrick de Kerckhove é professor do Departamento de Letras da Universidade de Toronto, no Canadá, onde também ocupa o cargo de diretor do McLuhan Program in Culture and Technology. Ele acompanha, como poucos, as mudanças socioculturais provocadas pela popularização da internet e das tecnologias da informação. Ex-assistente (e “herdeiro intelectual”) de Marshall McLuhan, Derrick é autor de vários livros, como “Brainframes: Technology, Mind and Business” (1991).

Nesta entrevista, concedida via e-mail ao Vinícius Andrade Pereira, professor da UERJ e da ESPM, Derrick mostra como essas novas tecnologias estão mudando o jeito de as pessoas se informarem.


Vamos começar considerando o impacto das novas tecnologias sobre o modo como os jovens estão consumindo entretenimento… O que o senhor destacaria?

Veja o telefone celular, por exemplo. Ele está distribuído mundialmente exceto, talvez, para jovens de regiões extremamente pobres. O SMS (Short Message Service, o popular torpedo) é barato e tem uma linguagem e uma cultura própria, desenvolvida no estilo telegráfico de se digitar mensagens com o polegar.Textos que podem até ser mais elaborados, mas ainda assim curtos, permitidos por equipamentos mais sofisticados. Há também os games, os jogos eletrônicos.
Há muitos deles, formando a maior indústria de entretenimento atualmente — maior mesmo que a própria indústria cinematográfica — que deve ser interativa, porque o entretenimento, na sua maior expressão, é em tempo real.
Isso significa que a indústria do entretenimento hoje, sob a égide das novas tecnologias, deve ser participativa, interativa, conectada e imediata. Formas de entretenimento com conteúdos tradicionais como filmes, séries de TV e mesmo livros continuam a ser consumidas, mas a ação real se dá para os jovens dentro de uma perspectiva do “onde estou”, não em alguma ficção. Nesse sentido, talvez “consumo” não seja a palavra exata . E mais, existem ainda as mídias sociais, tipo Facebook, Orkut e MySpace, e mesmo os metaversos (Second Life, por exemplo) que promovem novos playgrounds para os jovens. De maneira geral, as pessoas parecem não desfrutar de softwares sociais para interconexões como faz a garotada, que está no auge dessa onda.

E como as novas tecnologias estão mudando as maneiras das pessoas se informarem?

Cada um de nós ocupa o centro de uma esfera midiática eletrônica que nos apresenta todo tipo de informação, o tempo todo, em qualquer lugar. McLuhan propôs que o meio é a mensagem, o usuário é o conteúdo. Isso é verdade: nós estamos no centro de uma completa imersão nas mídias e nos ambientes de informação.
As pessoas estão criando suas próprias redes de informação, das mais imediatas (família e amigos), às globais, através de blogs, comunidades virtuais e de softwares sociais. Podemos dizer que as pessoas criam suas próprias informações coletivamente em sites como a Wikipedia, por exemplo.
Criam tais informações de modo individual e coletivamente através de sites como o del.icio.us ou o Flickr, por exemplo. O conteúdo, o formato e a distribuição da informação mudaram também.
As informações são multimídia, hipertextuais, etiquetadas (tagged), linkadas e interativas.

Como as universidades devem se “comportar” nesse contexto da cultura digital?

Várias reformas deveriam ser empreendidas a fim de permitir às universidades se beneficiarem das redes sociais digitais, adaptando seus currículos e métodos de ensino, do mesmo modo que seus métodos de avaliação, pesquisa e publicação. Mas as universidades não estão com pressa de se integrarem plenamente às novas mídias. Sim, é verdade que existem práticas tais como conteúdos de disciplinas que são dispostos da forma de podcasting, e especulações em torno da Wikiversity, mas os estudantes ainda têm que esperar o fim do lento processo de publicação das suas teses antes que possam postular a um espaço profissional mais expressivo, dentro dos meios acadêmicos. Parece injusto manter jovens doutores estudiosos privados de uma publicação online e, desse modo , reduzir as chances de conquistarem mais espaços de atuação, até que seus trabalhos sejam publicados no ritmo de lesma, típico da publicação em papel.

O senhor tem viajado por todo o mundo, dando aulas e palestras em diferentes países como Estados Unidos, Itália, Brasil e Japão, entre outros. Como as novas tecnologias estão impactando essas culturas?

Penso que o importante para todas as sociedades e também para todas as comunidades locais são o acesso e a garantia de liberdades civis. O fornecimento de comunicação deveria ser uma das responsabilidades principais do Estado, tanto quanto transporte, saúde, segurança e outros serviços básicos. Contudo, observamos interesses variados quanto à adoção de tecnologias de informação e de comunicação por diferentes países. Testemunhamos, por exemplo, por muito tempo — e em vão — a resistência da França contra a internet, para proteger o Minitel. E então, no começo dos anos 90, ocorreu sua rápida recuperação no que diz respeito às taxas de adoção da internet. Ou o caso da Itália, onde o acesso à internet ainda está em um baixo patamar, de 31% da população, quando comparado aos 78% na Inglaterra. A conseqüência de qualquer retardo na adoção dessas tecnologias é a promessa de um crescimento econômico menor e mais lento. E isso se dá porque a capacidade intelectual de um país não está sendo alimentada. É tão contraproducente para um Estado frear ou resistir, através das suas leis, a formas de conectar comunidades, quanto concentrar todas as energias da nação em uma única indústria, como a do petróleo. Você precisa de ambos, músculos e cérebro, para pôr um país em movimento.

O que o senhor diria aos pais que estão educando seus filhos hoje? Quais seriam os limites e os direitos de crianças que estão lidando todo o tempo com diferentes tipos de mídias?

Este é o maior desafio da educação. Mas é difícil encontrar professores que irão educar seus alunos para um uso crítico da web. As mídias estão mudando tão rapidamente que as habilidades requeridas para lidar com elas parecem, desde os primeiros dias da web, reservadas às gerações mais novas. O que se pode ver, por exemplo, na idade de Marc Andressen, 19 anos, quando desenvolveu o primeiro browser, o Mosaic. O único modo dos pais intervirem eficientemente junto às “crianças online” é partilhar a experiência com elas de vez em quando, mostrando através de exemplos, usos adequados da mídia e se distanciando um pouco para ver como as coisas vão… Dando um passo atrás para poder ver o quadro como um todo. Como direitos das crianças, acho que são os mesmos que os dos adultos. Quero dizer, você não invade a privacidade delas mais do que como você faz com um vizinho… : O mundo online é uma extensão e não uma contradição ao mundo físico. Mas, como em todas as coisas, há uma aceleração e multiplicação violenta dos efeitos de qualquer meio e, no caso específico da internet, as possibilidades de se escolher direções erradas estão multiplicadas.

Como o Brasil poderia aproveitar os celulares para acesso a serviços básicos de cidadania, ou mesmo para votação?

Não conheço a cena política brasileira o suficiente para falar com propriedade sobre isso…Mas posso afirmar com certeza que, se o Brasil quer alavancar sua economia e assegurar o seu papel como interlocutor no Primeiro Mundo, como está começando a acontecer, o governo brasileiro deveria considerar a ideia de conectar todo o país, começando com grandes concentrações da população, provendo conectividade de graça para algumas favelas escolhidas sob certas condições, a fim de encorajar o desenvolvimento e a maturação destas comunidades.

Fonte: http://www.cultura.gov.br/site/2008/08/25/internet-tambem-e-cultura-derrick-de-kerckhove/

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS LEITURAS DE MCLUHAN (1964), LIMA (1976) E KERCKHOVE (1995)


“O futuro já está aqui, a questão é que não foi
distribuído equitativamente” (William Gibson)


Lima, em seu texto “Mutações em educação segundo McLuhan” (1976) alerta para o fato de que indivíduos envolvidos em qualquer processo, não conseguem perceber mudanças em seu campo de ação, ou seja, enquanto aqueles que estão de fora já identificaram mudanças no processo, os que estão inseridos pensam permanecer no status quo.
Em 1976, ano da 10ª edição deste ensaio, Lima faz uma leitura - que até os dias de hoje refletem as instituições escolares -, sobre as previsões de Mcluhan (In: Mutation – 1990) acerca do descompasso entre a realidade social e a escola, entre a tradicional relação professor-aluno e a sociedade da informação.
O sistema escolar instituído na Idade Média, não se industrializou, permanecendo de “base artesanal”, não percebeu que com os meios de comunicação de massa (MCM), o conhecimento não é mais prerrogativa somente da escola e que, portanto, o professor não é mais um informador, que suas palavras e os livros didáticos são apenas parte de um centro de integração (a escola), que vão coordenar a reflexão sobre determinados fatos ou descobertas cientificas, que foram de forma ilustrados e fragmentados noticiados nos MCM.
A educação, então, passa a ser uma autoeducação com o acesso cada vez maior de indivíduos dos meios disponíveis, “todos podem desenvolver, independente ou em grupos, um processo educativo em massa, independente da presença do professor e da existência das escolas” (p. 7). Assim, podemos pensar que o conhecimento é adquirido pela MCM em todos os espaços sociais, desde a empresa até a rua e, especialmente, em rede, local que se busca a matéria-prima da educação, que a retira do interior da escola e a coloca num avião, num trem, num navio, espaço exterior  que, longe da escola, que abrange toda a galáxia.
Nesse sentido, McLuhan, no prefácio de seu livro “Os meios de comunicação como extensões do homem” (1964, p. 17), afirma que “depois de um século de tecnologia elétrica, projetamos nosso próprio sistema nervoso central num abraço global, abolindo tempo e espaço (pelo menos naquilo que concerne ao nosso planeta)”. Claro é que todos os meios de comunicação que surgiram e surgem na história da humanidade introduzem novos hábitos de percepção. Assim como a linguagem impressa criou um ambiente humano totalmente novo, desenvolvendo novas potencialidades, os MCM também o fazem. Isso demonstra que as potencialidades humanas se desenvolvem de acordo com o meio em que vivemos (Cf. Kerckhove. In: A pele da Cultura, 1995, p. 59), isto é, “[...] Estamos para sempre a ser feitos e refeitos pelas nossas próprias invenções... A nossa realidade psicológica não é uma coisa ‘natural’. Depende parcialmente da forma como o nosso ambiente, incluindo as próprias extensões tecnológicas, nos afecta” (Id. p. 33).
Continuação em breve...











segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Lúcia Santaella fala sobre cultura digital e educação.


parte 1 de 3



parte 2 de 3






parte 3 de 3


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Com esta charge é possível identificar o que o autor Derrick de Kerckhove, em seu livro A Pele da Cultura, esta se referindo ao colocar que "os computadores deram-nos poder sobre o ecrã e permitiram-nos a personalização do tratamento de informação. Não é o mundo que se esta a tornar global, somos nós".
Assim quando o menino diz:  "ela imprime enquanto você digita", endende-se que a partir de suas informações sobre o computador, ele redefina personalizando, por ter uma visão "digital de mundo", a concepção de utilidade da máquina de datilograr, tendo assim uma percepção completamente diferente da concepção anterior dessa era digital sobre a utilidade da mesma.
O que também releva essa ideia de que, não é o mundo que esta se tornando global, e sim nós que somos, pois com a tecnologia, nossa percepção de mundo se transforma, por estarmos inseridos nesse novo "senso comum" que é o processo digital.

domingo, 19 de agosto de 2012

Eu sou a Terra a olhar para si própria






No capítulo final de seu livro A Pele de Cultura, Derrick de Kerckhove, descreve suas sensações e sentimentos ao observar pela primeira vez uma imagem da Terra fotografada do espaço. A experiência que lhe trouxe uma "emoção fantástica e um sentimento de ternura e espanto" também carrega um anúncio profético: "um novo ser humano está a nascer." 
Ao combinar sua vivência com suas análises sobre as tecnologias e os seus efeitos na vida humana, Kerkhove afirma que a fotografia da Terra transformou a percepção do homem no que se refere a sua identidade e aos limites de seu "eu". O planeta que antes era uma "bola redonda suspensa no espaço" ilustrado em livros de escola, agora, visto através de uma fotografia, se transforma na Terra que mediante a imensidão do universo escancara as contradições do antropocentrismo.
Para Kerckhove, ver a Terra revelou a paradoxal sensação de "estar contido". A existência humana já não se faz somente dentro dos limites físicos de um corpo material, o homem passou a se ver como parte de um planeta e o planeta passou a fazer parte dele. A fotografia como extensão técnica das percepções humanas revelou: somos todos um, nas palavras de Kerckhove, "eu sou a Terra, eu e toda a gente." Evidencia-se a perda das fronteiras entre o eu e o meio ambiente e a relação humana com a natureza que antes dava-se de maneira frontal, dual e antropocêntrica, agora, revela-se a partir da interdependência, da conectividade e da percepção ecológica/ecossistêmica.
Essa redefinição da realidade humana e de sua relação com o meio-ambiente está intimamente ligada as suas experiências com as tecnologias de informação e comunicação. Nessa nova concepção identitária é revelada uma nova percepção da existência em que o homem não se concebe como separado do todo e torna-se uma "pessoa mais abrangente". Nesse sentido, como afirma Kerckhove, "o homem renascentista já não é o modelo", surge um novo ser humano e uma nova sensibilidade e, nas palavras de Maffesoli, para esse homem "não é mais a razão universal que vai servir como padrão." Desse forma, para pensar essas transformações paradigmáticas possibilitadas pelas novas tecnologias, busco as reflexões e contribuições da ecosofia "conhecimento que renasce [...] e que ainda não sabe como nomear-se [...] e que nesses diversos elementos que formam a verdadeira cultura, não são mais a separação e o corte que prevalecem, muito pelo contrário, o que subjetivamente se capilariza nas práticas cotidianas é a preocupação com a conjunção. O corpo e o espírito intimamente mesclados. O materialismo e o misticismo não mais como opostos. [...] É esse o âmago dessa ecosofia que está em pauta." (Maffesoli, 2010)

DERRICK, Kerckhove de. A pele da cultura. Portugal. Relógio D’ Água Editores. 1997. 
MAFFESOLI, Michel. Saturação. Trad. Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras, Itau Cultural, 2010.


Talita do Lago 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Plano de trabalho para o artigo:
 Os meios de comunicação como alternativa para a superação da crise escolar


A partir das leituras dos livros: “Os meios de comunicação como extensões do homem” de Marshall Mcluhan e “A Pele da Cultura” de Derrick de Kerckhove, juntamente com as discussões realizadas pelo grupo sobre a temática mídia e educação, podem ser ressaltados como aspectos relevantes as concepções expressas em ambos os autores sobre as inflências da mídia, em nossos comportamentos, ou seja, as formas como: agímos, nós vestímos, consumimos, e nós relacionamos. Influências tão brutais que acabam se tornando impossível a separação entre o homem e a mídia, ou tecnologia, por isso esta se torna extensão do homem.
Kerckhove ao descrever sobre sua experiência ao ser monitorado tendo todas suas sensações ao ver imagens captadas por aparelhos que integrados a fios e ligados a máquina, esta que seria capaz de realizar o monitoramento, demonstrou exatamente essa característica dos meios de comunicação, nesse caso as imagens, como extensões do homem, pois mesmo com as preocupações que ele sentiu, acreditando que não soube marcar com precisão as imagens que mais lhe agradavam e as sensações que elas o proporcionavam, os aparelhos que o monitoravam, captaram suas reações, e assim a cada imagem, cada sensação pode ser visualizada com o auxílio da máquina.
Mesmo que inconscientemente, mesmo que não seja perceptível por nós, nosso corpo esta respondendo aos estímulos das mídias, das tecnologias, talvez seja esse o motivo da dificuldade que sentimos em nós concentrar quando algum aparelho seja este; tv, rádio, computador entre outros, está ligado perto de nós, pois estamos respondendo a estímulos mesmo que involutariamente.
Tendo como base essas questões iniciais, podemos constatar que os meios de comunicação, que por sua vez sofrem cada vez mais constantes transformações, devem ser analisados tendo em vista a importância que eles exercem na atualidade, e ate mesmo para entender, ou se for o caso críticar as suas decorrentes limitações. Críticas que devem ter embasamento, não existindo espaço para argumentação do tipo “a televisão é um mal, pois as pessoas deixam de ler e assim de pensarem por si próprias”, argumentos desse gênero além de ultrapassados não mudam em nada, pois os comportamentos dos indivíduos e suas relações se transformaram em virtude dos meios de comunicação, com isso esse tipo de crítica acaba por descredibilizar o comportamento dos indivíduos e suas relações decorrentes.
Eis o ponto crucial da questão, pois a educação escolar também descredibiliza os meios de comunicação, e isso so faz aumentar o distanciamento existente entre o conteúdo apresentado pelos professores e a realidade do eduacando. Isso porque os meios de comunicação que são tão utilizados principalmente pela nova geração como internet e televisão, são rechaçados pelo ambiente escolar. Mesmo existindo as chamadas TVs pendrive nas escolas, estas ainda são utilizadas como exemplos, como recursos para reforçar o que está escrito no livro, como se a TV fosse um complemento do livro e não um meio de comunicação para o aprendizado.
Com isso os problemas da educação escolar só fazem por aumentar e a crise da educação fica cada vez mais difícil de ser superada. Com relação a esse aspecto de crise, o autor Kerckhove entende que a crise é um momento em que existem julgamentos, que por sua vez dão oportunidades para mudanças. Assim podemos concluir que a crise da educação pode ser resultado de uma não mudança de um não julgamento, sobre a realidade vivenciada com os meios de comunicação em alta e a forma como ela pretende “transmitir” conhecimentos desconsiderando esses meios de comunicação.
É óbvio que existem vários fatores que influenciam na crise da educação principalmente no caso brasileiro, fatores econômicos, estruturais, culturais e sociais, mas, considero como sendo importante analisar a crise da educação tendo como motivo a sua não adequação perante as mudanças que ocorreram e vem ocorrendo por causa dos meios de comunicação, ou seja a educação permanece estática, os comportamentos e as relacionamentos dos indivíduos se transformaram em virtude dos meios de comunicação, mas, a forma como a educação, como a Instituição escolar  tenta transmitir os conteúdos, o conhecimento, permanece a mesma.
Com essas constatações o tema para o meu artigo é: Os meios de comunicação como alternativa para a superação da crise escolar. Uma das questões essenciais é: Por que a educação escolar não aderiu, ou não ve credibilidade para que os meios de comunicação possam ser utilizados para transmissão de conteúdos de ensinamentos?  
Assim em um primeiro momento serão analisadas as questões relativas à crise da educação, tendo em vista analisar muito mais seu caráter de distanciamento entre o conteúdo e os comportamentos dos indivíduos em relação as tranformações decorrentes dos meios de comunicações, do que os fatores relativos a problemas sociais.
Em um segundo momento serão analisados as concepcões dos autores Mcluhan e Kerckhove, sobre como os meios de comunicaçào estão presentes em nossos comportamentos, como somos influenciados e por isso estamos como segundo o autor Kerckhove, ligados uns aos outros por acontecimentos tão globais como o tempo, ou seja, mesmo com as especificidades individuais os meios de comunicação reforçam os laços coletivos, expressos pelos meios globais de comunicação.
Num terceiro momento serão analisadas as questões relativas a concepções de outros autores sobre a importância da utilização dos meios de comunicação para a educação escolar, e como a instituição escolar necessita transformar sua maneira de compreender os meios de comunicação, por serem extensões do homem.
E por fim como a escola pode utilizar de meios de comunicação para transmissão de conteúdos e ensinamentos, tendo como exemplo a própria  TV pendrive.



REFERÊNCIA BOBLIOGRÁFICA:
KERCKHOVE, Derrick de: A Pele da Cultura. Santa Maria da Feira: Relógio D’Água, 1997.
MCLUHAN, Marshall: Os meios de comunicação como extensões do homem. 5 ed. São Paulo: Cultrix, 1964.

quinta-feira, 19 de julho de 2012


A inteligência coletiva: uma discussão sobre a influência da internet sobre a linguagem.

Ana Cele Pereira


Até que ponto a internet exerce algum tipo de influencia sobre nossa linguagem e aprendizado? A inteligência coletiva é um conceito que enriquece as pessoas ou é um conhecimento falsamente adquirido através da internet e meios de comunicação? Num mundo hoje dito como a Era da tecnologia, percebeu-se que tal tecnologia mais propriamente ao que diz respeito à internet e outros meios de comunicação, vimos que o conhecimento vem sendo muito adquirido através desses mecanismos de comunicação.
            Um conhecimento valorizado por uns e por outros nem tanto, que provoca um debate no que diz respeito até onde essa inteligência e conhecimento são culturalmente constituídos e distribuídos por toda a parte. Através do desenvolvimento e expansão da internet ou ao que alguns estudiosos chamam de ciberespaço, onde se é desenvolvida essa inteligência artificial.
            No que diz respeito à linguagem, que foi nossa primeira tecnologia, segundo Derrick de Kerckhove. Através da linguagem é que se inicia todo o processo de informação. Também de acordo com Kerckove, a linguagem é a substancia da inteligência humana, que nos equipa para reconhecer, compreender e viver nos ambientes que constituem a realidade. Portanto, tudo que afete o desenvolvimento e crescimento da linguagem também afeta o crescimento e desenvolvimento da inteligência.
            Nesse sentido que penso ser importante a discussão do assunto, para mostrar até onde chega essa influencia, quais as conseqüências dela dentro do ambiente de ensino. Como o medo de muitos professores de que os alunos fiquem muito dependentes dessa forma de obter conhecimento e esqueça-se de procurar outras formas mais tradicionais para obter informação.
            O intuito aqui então seria procurar perceber e compreender os pros e contras que formam e fazem da inteligência coletiva um conceito que é tido para alguns como o remédio e o veneno da sociedade tecnológica.


MACLUHAN. Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem. São Paulo. Editora Cultrix. 1994.
DERRICK, Kerckhove de. A pele da cultura. Portugal. Relógio D’ Água Editores. 1997. 
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo. Editora 34, 1999. 
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo. Edições Loyola, 1998.


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Reflexões eletrônicas: eu e o espelho


Cesar Carvalho

         A palavra é fruto da palavra. A palavra tem que se parecer com a palavra. 
Atingi-la é o meu primeiro dever para comigo.

uma imagem

Esta charge e o texto que aparece acima foram postados em meu mural, no Facebook pelo colaborador deste espaço, Fernando Violin. Fiz um comentário um tanto quanto poético e, a partir dele, o Fernando levantou algumas questões.
O diálogo ali iniciado exigia outro tipo de espaço. Decidi então transferi-lo para cá, local mais adequado para uma reflexão sobre mídia.
A história começou quando bati os olhos sobre a imagem e, em seguida li o texto que me deixou intrigado. Com a imagem, nem tanto.
Ela apenas reflete uma velha querela entre os adeptos da cultura escrita e os da cultura eletrônica. Pelos traços, percebe-se a leitura nada ambígua que o desenhista apresenta: a TV, com mais recursos e força tenta arrancar o cérebro das mãos do livro. Este, coitado, finca seus pés no chão evitando ser arrastado.
O ponto de exclamação pode ser tanto a manifestação de certa surpresa pelo livro, diante de uma disputa inesperada, quanto pela diferença entre um objeto comunicacional e outro.
Há ainda outra leitura possível, o livro sendo substituído pela TV.
Seja qual for a leitura, ela apenas reitera certo senso comum que coloca a TV como vilã e o livro como vítima. Posição conservadora e nostálgica: o livro com a função mítica de civilizar o homem. Posição reacionária: não reconhecer nas novas mídias eletrônicas, a TV é apenas uma delas, um novo processo de socialização e cultura fundado não mais na palavra escrita, mas na fruição eletroeletrônica dos meios de comunicação, onde a palavra também se insere.
Nem melhores, nem piores. Apenas novas maneiras de configurar as relações humanas.
Desde sua invenção, a escrita revelou-se com enorme potencial para organizar e racionalizar as atividades humanas. Não à toa, a maioria das plaquetas com os primeiros escritos sumérios eram com informações contábeis. Felizmente, dentre elas encontrou-se também o primeiro registro de uma história literária, A epopeia de Gilgamesh[1].
Escrita, a palavra torna-se extensão do olho, cria e se integra a um dispositivo autorregulador que exige linearidade, conectividade lógica e causal. Começo, meio e fim. Compreensão intelectual - mental - dos códigos. Daí a palavra impressa, como bem o diz McLuhan, ser um meio quente. Exige pouca participação dos sentidos de quem a lê.
 Já com a TV as coisas são diferentes. Os feixes de luz que conduzem a comunicação interagem com o receptor em todos os níveis, estimulando todos os sentidos. Mais do que intelectual, a experiência televisiva é epidérmica. É o corpo, não a mente, que reage aos fluxos elétricos.
Por milênios, treinamos nosso cérebro de acordo com a palavra impressa. Livros, jornais, revistas fizeram parte do processo de socialização do ser humano adaptando-o à vida industrial, lógica e racional.
Com a emergência da era eletrônica, nossos cérebros agora se redefinem a partir das experiências sensórias. A palavra escrita inscreve-se na mídia eletrônica como um elemento a mais do processo sistêmico de comunicação. Ainda pouco perceptível, as mídias eletrônicas redefinem o próprio sentido da leitura.
O que se perde é a primazia do livro, mas não o livro.
Eis porque considero  inútil esta briga entre palavra escrita, mídia impressa e mídia eletrônica.
É uma discussão que não explica, por exemplo, os processos de transformação que se vive nesta nova cultura eletrônica e digital.

o texto

Quando, no início deste post  chamei sua atenção para o incômodo que o texto acima da imagem me provocava. Na verdade, a palavra correta que deveria usar aqui é incomodado.
Sobre o autor, não tenho qualquer referência. Consultei seu mural no Facebook e não encontrei nenhuma pista que se relacionasse com o texto. Ou, pelo menos, me ajudasse a resolver o incômodo com aquelas palavras.
A primeira frase é brilhante: a palavra deriva da própria palavra. Palavra gera palavra, signo gera signo e a linguagem se constrói neste círculo vicioso, um dispositivo que se autogera e se autorregula.
O problema veio com a segunda frase: se a palavra não se parecer com ela mesma, vai se parecer com quem, ou o quê? 
A palavra, simulacro de per se, só se reflete no espelho se diante deste for pronunciada. A imagem refletida é a de quem fala. De alguém que olhando a si mesmo, produz desde o próprio interior, de seu corpo, a linguagem.
Refletidas, as imagens se tornam reais no momento mesmo em que a linguagem as nomeia especulares.
A palavra especular tem um duplo significado.
Um ligado à imagem do espelho, reflexo etéreo, difuso; o  outro é o nome de exame clínico onde se utilizam espelhos para dar visibilidade às entranhas do paciente. Ambos são adequados para significar a palavra.
O primeiro porque ela é sempre um simulacro. Coloca-se sempre no lugar do real, do vivido, experimentado. O segundo, o especulo, revela, em suas imagens, a fonte produtora da palavra: o corpo.
Acredito que o autor se propôs uma tarefa difícil: atingir a palavra. Como é possível atingir algo que está dentro da gente?
Diante destas considerações, resolvi meu incômodo.
E coloquei como comentário no Facebook:
palavra produz palavra
cada vez que se olha no espelho
se parece comigo mesmo.
Uma resposta poética ao desconforto das palavras.
Este foi o pontapé inicial.
Logo depois, o Fernando devolveu a bola:
Fernando Violin Eu to pensando naquilo que o Kerckhove fala sobre a televisão e os computadores mudarem a localização de processamento de informação de dentro dos nossos cerebros para ecrãs a frente dos nossos olhos.
No próximo post, continuo a conversa.


[1] Leia-se os estudos de N.K.Sandars sobre as descobertas das plaquetas contendo A epopeia de Gilgamesh. 3ª. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011, p. 14.

sexta-feira, 22 de junho de 2012


“O significado é de que não há significado”
       Fernando Augusto Violin

“De facto, estas tecnologias não apenas prolongam as propriedades de envio e recepção da consciência, como penetram e modificam a consciência dos seus utilizadores. A realidade virtual ainda está mais ajustada a nós. Acrescenta o tacto à visão e audição e está mais próximo de revestir totalmente o sistema nervoso humano do que alguma tecnologia até hoje o fez. Com a realidade virtual e a telepresença permitida pela robótica projectamos literalmente para o exterior a nossa consciência e vemo-la <<objectivamente>>. Esta é a primeira vez que o homem o consegue fazer.
Com a televisão e os computadores mudamos a localização do processamento de informação de dentro dos nossos cérebros para ecrãs à frente dos nossos olhos, em vez de por detrás. As tecnologias do vídeo dizem respeito não só ao nosso cérebro, mas a todo o sistema nervoso e aos sentidos, criando condições para uma nova psicologia.” (Kerckhove, 1997, p. 34-35)

         Essa consideração de Kerckhove (1997) sobre as mídias levou-me a pensar em outra hipótese para a experiência da televisão no ensino de Sociologia. De acordo com Turner (2005), quando uma experiência apresenta-se de maneira desconcertante para nós, num processo interior, buscamos nas memórias evidencias do passado para lembrar-nos de experiências pelo menos semelhantes e encontrar significado para aquilo que se apresenta no presente, possibilitando um novo significado através de uma relação.
         Segundo Kerckhove (1997), estas experiências envolvendo as mídias eletrônicas parecem transpor esse processo para fora das nossas mentes mudando a localização de processamento de informação para frente dos nossos olhos e criando condições para uma nova psicologia. Dessa forma, não há a possibilidade da produção de novos significados, dissolvendo-se a experiência na aparência das formas prevalecendo a intensificação dos sentidos  em que “o significado é de que não há significado” e o que vale é a experiência da “vitalidade intensificada” (DEWEY, 1934 apud TURNER, 2005, p. 184).
A utilização da televisão no ensino de Sociologia não possibilitaria a produção de novos significados uma vez que a experiência está voltada para os processos externos da experiência humana.

Referências

KERCKHOVE, Derrick de. A pele da cultura. Lisboa, Portugal: Relógio D´Agua, 1997.
TURNER, Victor. Dewey, Dilthey e Drama: um ensaio em Antropologia da Experiência (primeira parte). Cadernos de Campo – revista dos alunos de pós-graduação em antropologia social da USP, nº 13, ano 14. São Paulo: PPGAS/USP, 2005, p. 177-185.

Mídia: alienação ou fonte de informação?



Essa charge expressa bem o termo Indústria Cultural criado em 1947 por Adorno e Horckeimer, ambos da Escola de Frankfurt, que, pessimistas em relação aos meios de comunicação de massa, consideravam como único objetivo destes a dependência e a alienação dos homens. Tendo como fonte os estudos de Mcluhan e Kerckhove, o objetivo do Projeto Mídia e Educação é justamente trabalhar o lado otimista desses meios, demonstrando que educação e transmissão de conhecimento não é prerrogativa apenas da escola (sala de aula) e que se faz necessário desmistificar a ideia de que a informação impressa é a única válida para a formação intelectual das pessoas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012


A televisão e a experiência performática na sala de aula
Fernando Augusto Violin

A TV Pendrive, como ferramenta de ensino na sala de aula, permite o trabalho com o recurso de filmes, imagens, sons e movimentos. Durante a exposição de um filme, por exemplo, relacionado a um conteúdo sociológico, o processo de ensino cria uma performance  na sala de aula que intensifica as experiências sensoriais e sensitivas em que a imagem, o som e o movimento destacam-se numa experiência que possibilita o deslocamento das percepções, onde o significado possa ser produzido e percebido de maneira mais intensa.
O antropólogo Victor Turner (2005) captou a diferença em Dilthey que ele chama entre “mera experiência” e “uma experiência”. A “mera experiência” é a passiva resignação e aceitação dos eventos. “Uma experiência” é “como uma pedra num jardim de areia Zen, destaca-se da uniformidade da passagem das horas e dos anos e forma aquilo que Dilthey chamou de uma ‘estrutura da experiência’”. Ou seja, ela não tem um início ou um fim arbitrários, mas tem o que Dilthey chamou de “uma iniciação e uma consumação”, esclarece Turner (2005, p. 178-179).
Ele continua dizendo que todos nós já tivemos certas experiências ao longo da vida que foram “formativas” e “transformativas” envolvendo sequências distinguíveis de eventos externos e de reações internas a eles como as iniciações em novos modos de vida como formatura, casamento, aniversários, entre outros. Algumas dessas experiências formativas são pessoais, outras são compartilhadas com outras pessoas.
Turner (2005, p. 179) diz que “Dilthey via tais experiências como tendo uma estrutura temporal ou processual – elas são ‘processadas’ através de estágios distinguíveis” e interrompem o comportamento rotinizado e repetitivo. Estas experiências iniciam-se com choques de dor ou prazer e invocam precedentes e semelhanças de um passado consciente ou inconsciente e “as emoções de experiências passadas dão cor às imagens e esboços revividos pelo choque no presente”.
Logo em seguida, ocorre uma necessidade de encontrar significado naquilo que se apresentou de maneira desconcertante, através da dor ou do prazer, e coverteu a “mera experiência” em “uma experiência”. Isto ocorre quando tentamos juntar passado e presente, relacionando a preocupante experiência presente com resíduos de experiências passadas, se não semelhantes, pelo menos relevantes. Quando isso ocorre “emerge o tipo de estrutura relacional chamado ‘significado’”.
A experiência completa-se na expressão de uma forma performática e, dessa maneira, Turner (1982) entende que o estudo das performances na busca dos significados simbólicos é essencial na Antropologia da Experiência, exatamente porque a performance consuma a experiência.
Atualmente, a aplicação teórico-metodológica da noção de performance é bem ampla, diversa e interdisciplinar.  De acordo com Silva (2005), um eixo teórico refere-se aos estudos de Victor Turner com o teatrólogo Richard Schechner que entendem a performance como manifestações de eventos rituais diferentes do cotidiano, configurando um tipo “metateatro” da vida cotidiana, se a vida é encarada como a representação de um teatro e papeis normativos. Em outras palavras, para esses autores, as performances:

[...] constituem um espaço simbólico e de representação metafórica da realidade social, através do jogo de inversão e desempenho de papéis figurativos que sugerem criatividade e propiciam uma experiência singular, que é, ao mesmo tempo, “reflexiva” e da “reflexividade” (SILVA, 2005, p. 43).

Assim sendo, de acordo com a perspectiva de Victor Turner, para se conhecer as contradições da vida social, há a possibilidade de um “deslocamento do olhar” para os elementos da vida social através das performances que interrompem o fluxo da vida cotidiana e propiciam aos sujeitos a possibilidade de tomarem distância aos seus papéis normativos e, através de lampejos, repensar a si mesmos, bem como a própria vida social e até mesmo refazê-la. É a partir dessa noção que pensamos as experiências performáticas na sala de aula no ensino de Sociologia que podem trazer novas ideias e suscitarem novos significados.

Bibliografia

SILVA, Rubens Alves da. Entre “artes” e “ciências”: A noção de performance e drama no campo das ciências sociais. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 11, nº 24, p. 35-65, 2005.
TURNER, Victor. Introduction. In: TURNER, Victor. From Ritual to Theatre: The Human Seriousness of Play. New York: PAJ Publication. 1982.
_____________. Dewey, Dilthey e Drama: um ensaio em Antropologia da Experiência (primeira parte). Cadernos de Campo – revista dos alunos de pós-graduação em antropologia social da USP, nº 13, ano 14. São Paulo: PPGAS/USP, 2005, p. 177-185.

Experiência com a televisão no ensino de Sociologia
 Fernando Augusto Violin
     Tendo como base as análises da experiência de estágio quando eu graduava o curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina, pretendemos compreender através desse projeto as percepções dos estudantes provocadas pela experiência de ensino de Sociologia através de recursos audiovisuais utilizados pela TV Pendrive na sala de aula de uma escola pública em Londrina/PR.
     A TV Pendrive é um projeto da Secretaria de Estado da Educação do Paraná que prevê televisão de 29 polegadas para as 22 mil salas de aula da rede estadual de educação – com entradas para VHS, DVD, cartão de memória, pen drive e saídas para caixas de som e projetor multimídia.[1] Pela experiência no estágio e pelos depoimentos de professores que encontramos, seu uso já anda prejudicado quando a tv não funciona corretamente, não lendo certos tipos de arquivos, ou quando lê, trava as imagens e o áudio. Além do que, numa sala grande com uma quantidade numerosa de estudantes, a possibilidade de todos visualizarem as imagens e ouvirem o áudio perfeitamente é pequena.
      Desde a inauguração do projeto em 2008, vemos que o entendimento sobre a utilização da TV Pendrive nas salas de aula dividem os educadores desse processo em aqueles que acham favoráveis a utilização dela e aqueles que são desfavoráveis como uma ferramenta de ensino conservadora. No entanto, além de se posicionar em relação a essa mudança na sala de aula, devemos compreender o significado que essas novas tecnologias incorporadas no processo de ensino representam para os estudantes.
      Para tanto, começo perguntando que tipo de experiência perceptiva é vivenciada na sala de aula com a televisão? E ainda, essa experiência possibilita a criação de novos significados? E como ela é compartilhada? Talvez, através da exposição de imagens, sons e dos filmes que se relacionam com os conteúdos do ensino de Sociologia, causamos um maior impacto nas percepções dos alunos de modo a intensificar a experiência de ensino-aprendizagem.
       Em 2010, durante a regência de uma aula no colégio Polivalente com meus colegas, percebi que nos momentos que tratávamos de conceitos mais teóricos para explicar o processo de globalização o qual os eventos de cosplay fazem parte, misturando elementos de várias culturas pelo mundo como os Estados Unidos e Japão, alguns alunos perdiam a atenção no que estava sendo passado. A atenção e o interesse dos alunos com o conteúdo só aumentou no final da exposição quando mostramos fotos pela TV Pendrive dos eventos de cosplay. No final, todos olhavam para a TV, até os mais desinteressados na aula, uma vez que as fotos mostravam as pessoas fantasiadas de seus personagens favoritos, personagens dos jogos de vídeo-game, desenho animado ou filmes, próprios do universo juvenil.
No meu ponto de vista, o fato de estarmos falando dos eventos de cosplay chamou atenção dos alunos por ser um evento do universo juvenil, predominantemente. A escolha do tema para a aula foi um primeiro passo para falarmos num mesmo universo deles. Como também chamou a atenção deles o uso do recurso das fotografias para mostrar os eventos e o uso da televisão como um instrumento da aula expositiva. Como disse o professor Jeferson uma vez durante uma aula a qual eu acompanhava como estagiário no CEEBJA Herbert de Souza: “Os adolescentes estão na era da imagem”, sendo impossível expor uma aula no ensino médio, hoje, utilizando somente o quadro e o giz.
Ao ministrar uma regência sobre o uso de tatuagens e outras formas de modificações corporais na III Jornada de Humanidades do Colégio de Aplicação, a expressão de surpresa dos estudantes do ensino médio ao olharem para a primeira foto na TV Pendrive que mostrava um homem de uma cultura diferente furando o beiço, chamou-me a atenção. Praticamente homogênica a sonoridade de ohhhhhh!!!!!!!!!.  Isso mostra que novas formas de tecnologias inseridas no processo de ensino proporcionam outras maneiras de apresentar o conteúdo de ensino aos alunos, mediante uma nova forma de relação. Essa mudança nas salas de aula pareceu-me relevante de refletir, uma vez que o conhecimento educacional é conseqüência dela. 



PENSANDO O PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO: ENTRE A LINGUAGEM IMPRESSA E A AUDIOVISUAL



ENTRE A LINGUAGEM IMPRESSA E A AUDIOVISUAL:
PRODUÇÃO DE MATERIAIS TEÓRICOS E DIDÁTICOS 
PARA PROFESSORES DE SOCIOLOGIA


SUMÁRIO
As tecnologias e os seus efeitos físicos e psicológicos (embasamentos teóricos): a partir de leituras como “A pele da Cultura” (Kerckhove, 1995) e “Os meios de Comunicação como Extensões do Homem” (Mcluhan, 1964), elaborar materiais que esclareçam a distinção entre a “estrutura cerebral” de estudantes jovens que nasceram sob a influência da linguagem audiovisual das novas tecnologias e de professores que cresceram tendo, prioritariamente, sua mente estruturada para a linguagem impressa. 

Entre a linguagem impressa e a audiovisual (problemática): a diferença de percepção entre aqueles que tiveram suas mentes estruturadas de uma forma ou de outra (impressa ou audiovisual) e o atraso no sistema educacional no que se refere, especialmente, às novas tecnologias, geram diversos desafios e dificuldades para o professor/a. Compreender que o ser humano desenvolve suas potencialidades de acordo com o meio ambiente significa compreender também que quaisquer mudanças na linguagem resultam em mudanças na forma de organizar o pensamento e também na cultura.

Da teoria para a prática (resultados): elaborar, por meio das leituras de Mcluhan e Kerckhove, artigos, apostilas e textos e trabalhá-los em oficinas, palestras, seminários, cursos de formação, etc. com os professores de Sociologia em diversos eventos promovidos pela UEL, SEED e outros voltados para o ensino de Sociologia, propiciando uma reflexão que os leve a reavaliar os conceitos sobre os meios e as suas funções.

Para refletir: compreender e explicar que estamos sempre sendo feitos e refeitos pelas nossas próprias invenções (Kerckhove, 1995, p. 33); que o meio é a mensagem, sendo que alguns podem nada deixar para refletir, enquanto outros podem deixam muito; que os meios de comunicação eletrônicos são “extensões, não só do sistema nervoso e do corpo, mas também da psicologia humana” (Dewdney, 1995, p. 27); que “a linguagem e o alfabetos constituem uma espécie de “software’ que nos predispõe para as tecnologias; que na história da humanidade, as novas tecnologias sempre declararam guerras às culturas na quais surgiram; que o computador é a tecnologia que recupera parcialmente o equilíbrio entre a forma de pensar alfabéticas e videográfica, ao criar uma espécie de livro eletrônico; e que a reflexão desnaturalize a ideia de que só é possível ensinar e aprender por meio da linguagem escrita/impressa.


Joana D'Arc

segunda-feira, 18 de junho de 2012

tecnologias e percepção

Foto: Gostou? Compartilha!

Atividades para Alfabetização e Educação Infantil -> http://atividadeeduca.blogspot.com.br/



Esta charge expressa bem a temática que nosso grupo de pesquisa desenvolve: haveria um conflito entre as tecnologias e nossa capacidade mental ou as tecnologias de comunicação seriam uma extensão de nosso cérebro? Qualquer que seja a resposta, a pergunta que se coloca: quais as implicações que as tecnologias trazem para a percepção do ser humano?
cesar carvalho

fonte da charge:
Atividades para Alfabetização e Educação Infantil -> ttp://atividadeeduca.blogspot.com.br/

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Algumas descobertas...

As leituras preliminares de Mcluhan e Kerckhove e os debates nos seminários sobre mídia e educação têm levado a descobertas e, especialmente, a questionamentos em relação àquilo que, familiar na nossa prática, é estranho à nossa compreensão: os meios de comunicação e os seus efeitos na percepção do homem.  Esses meios de comunicação, cada dia mais complexos, são considerados como extensões, não somente da psicologia humana, mas também do sistema nervoso e do corpo. E mais, de acordo com Kerckhove, a internet cria uma mente coletiva que excede as capacidades de qualquer ser humano individual, ou seja, cria uma realidade psicológica que precisa ser analisada não como uma coisa “natural” e sim como algo afetado pelo nosso ambiente, incluindo as extensões tecnológicas. Tais considerações colocam-se como relevantes e instigantes aos profissionais das Ciências Sociais, provocando a necessidade de estudos e descobertas que nos levem à compreensão dessas novas percepções, dessa nova condição psicológica dos indivíduos que vivem sob a influência da inovação tecnológica.
Joana D'Arc