segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS LEITURAS DE MCLUHAN (1964), LIMA (1976) E KERCKHOVE (1995)


“O futuro já está aqui, a questão é que não foi
distribuído equitativamente” (William Gibson)


Lima, em seu texto “Mutações em educação segundo McLuhan” (1976) alerta para o fato de que indivíduos envolvidos em qualquer processo, não conseguem perceber mudanças em seu campo de ação, ou seja, enquanto aqueles que estão de fora já identificaram mudanças no processo, os que estão inseridos pensam permanecer no status quo.
Em 1976, ano da 10ª edição deste ensaio, Lima faz uma leitura - que até os dias de hoje refletem as instituições escolares -, sobre as previsões de Mcluhan (In: Mutation – 1990) acerca do descompasso entre a realidade social e a escola, entre a tradicional relação professor-aluno e a sociedade da informação.
O sistema escolar instituído na Idade Média, não se industrializou, permanecendo de “base artesanal”, não percebeu que com os meios de comunicação de massa (MCM), o conhecimento não é mais prerrogativa somente da escola e que, portanto, o professor não é mais um informador, que suas palavras e os livros didáticos são apenas parte de um centro de integração (a escola), que vão coordenar a reflexão sobre determinados fatos ou descobertas cientificas, que foram de forma ilustrados e fragmentados noticiados nos MCM.
A educação, então, passa a ser uma autoeducação com o acesso cada vez maior de indivíduos dos meios disponíveis, “todos podem desenvolver, independente ou em grupos, um processo educativo em massa, independente da presença do professor e da existência das escolas” (p. 7). Assim, podemos pensar que o conhecimento é adquirido pela MCM em todos os espaços sociais, desde a empresa até a rua e, especialmente, em rede, local que se busca a matéria-prima da educação, que a retira do interior da escola e a coloca num avião, num trem, num navio, espaço exterior  que, longe da escola, que abrange toda a galáxia.
Nesse sentido, McLuhan, no prefácio de seu livro “Os meios de comunicação como extensões do homem” (1964, p. 17), afirma que “depois de um século de tecnologia elétrica, projetamos nosso próprio sistema nervoso central num abraço global, abolindo tempo e espaço (pelo menos naquilo que concerne ao nosso planeta)”. Claro é que todos os meios de comunicação que surgiram e surgem na história da humanidade introduzem novos hábitos de percepção. Assim como a linguagem impressa criou um ambiente humano totalmente novo, desenvolvendo novas potencialidades, os MCM também o fazem. Isso demonstra que as potencialidades humanas se desenvolvem de acordo com o meio em que vivemos (Cf. Kerckhove. In: A pele da Cultura, 1995, p. 59), isto é, “[...] Estamos para sempre a ser feitos e refeitos pelas nossas próprias invenções... A nossa realidade psicológica não é uma coisa ‘natural’. Depende parcialmente da forma como o nosso ambiente, incluindo as próprias extensões tecnológicas, nos afecta” (Id. p. 33).
Continuação em breve...