Experiência com a televisão no ensino
de Sociologia
Fernando Augusto Violin
Tendo como base as análises da experiência de
estágio quando eu graduava o curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual
de Londrina, pretendemos compreender através desse projeto as percepções dos
estudantes provocadas pela experiência de
ensino de Sociologia através de recursos audiovisuais utilizados pela TV Pendrive na sala de aula de uma escola pública em Londrina/PR.
A TV
Pendrive é um projeto da
Secretaria de Estado da Educação do Paraná que prevê televisão de 29
polegadas para as 22 mil salas de aula da
rede estadual de educação – com entradas para VHS, DVD, cartão de memória, pen drive e saídas para caixas de som e projetor multimídia.[1] Pela
experiência no estágio e pelos depoimentos de professores que encontramos, seu
uso já anda prejudicado quando a tv não funciona corretamente, não lendo certos
tipos de arquivos, ou quando lê, trava as imagens e o áudio. Além do que, numa
sala grande com uma quantidade numerosa de estudantes, a possibilidade de todos
visualizarem as imagens e ouvirem o áudio perfeitamente é pequena.
Desde a inauguração do projeto em
2008, vemos que o entendimento sobre a
utilização da TV Pendrive nas salas de aula dividem os educadores desse processo
em aqueles que acham favoráveis a utilização dela e aqueles que são
desfavoráveis como uma ferramenta de ensino conservadora. No entanto, além de
se posicionar em relação a essa mudança na sala de aula, devemos compreender o
significado que essas novas tecnologias incorporadas no processo de ensino
representam para os estudantes.
Para tanto, começo
perguntando que tipo de experiência perceptiva é vivenciada na sala de aula com
a televisão? E ainda, essa experiência possibilita a criação de novos
significados? E como ela é compartilhada? Talvez,
através da exposição de imagens, sons e dos filmes que se relacionam com os
conteúdos do ensino de Sociologia, causamos um maior impacto nas percepções dos
alunos de modo a intensificar a experiência de ensino-aprendizagem.
Em 2010, durante a regência de uma aula no colégio
Polivalente com meus colegas, percebi que nos
momentos que tratávamos de conceitos mais teóricos para explicar o processo de
globalização o qual os eventos de cosplay fazem parte, misturando elementos de várias culturas
pelo mundo como os Estados Unidos e Japão, alguns alunos perdiam a atenção no
que estava sendo passado. A atenção e o interesse dos alunos com o
conteúdo só aumentou no final da exposição quando mostramos fotos pela TV Pendrive dos eventos de cosplay. No final, todos olhavam para a TV, até os mais
desinteressados na aula, uma vez que as fotos mostravam as pessoas fantasiadas
de seus personagens favoritos, personagens dos jogos de vídeo-game, desenho
animado ou filmes, próprios do universo juvenil.
No meu ponto de vista,
o fato de estarmos falando dos eventos de cosplay chamou atenção dos alunos por ser um evento do
universo juvenil, predominantemente. A escolha do tema para a aula foi um
primeiro passo para falarmos num mesmo universo deles. Como também chamou a
atenção deles o uso do recurso das fotografias para mostrar os eventos e o uso
da televisão como um instrumento da aula expositiva. Como disse o professor
Jeferson uma vez durante uma aula a qual eu acompanhava como estagiário no
CEEBJA Herbert de Souza: “Os adolescentes estão na era da imagem”, sendo
impossível expor uma aula no ensino médio, hoje, utilizando somente o quadro e
o giz.
Ao ministrar uma
regência sobre o uso de tatuagens e outras formas de modificações corporais na
III Jornada de Humanidades do Colégio de Aplicação, a expressão de
surpresa dos estudantes do ensino médio ao olharem para a primeira foto na TV Pendrive que mostrava um homem de uma cultura diferente furando o beiço,
chamou-me a atenção. Praticamente homogênica a sonoridade de ohhhhhh!!!!!!!!!.
Isso mostra que novas formas de tecnologias inseridas no processo de
ensino proporcionam outras maneiras de apresentar o conteúdo de ensino aos
alunos, mediante uma nova forma de relação. Essa mudança nas salas de aula
pareceu-me relevante de refletir, uma vez que o conhecimento educacional é
conseqüência dela.
[1] Disponível em http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=32.
Último acesso em 03/11/2011.
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