Abaixo, o resumo apresentado ao Seminário de Estágios da UEL, a ser realizado em novembro próximo.
RESUMO
O objetivo do grupo Midia & Educação é investigar os veículos de comunicação como mecanismos produtores de sociabilidade e o quanto esta sociabilidade se manifesta no processo ensino-aprendizagem.Na realidade empírica verifica-se o primeiro embate: professores que não compreendem seus alunos e alunos que acham chata a maneira de ensino do professor. Este embate não é, por acaso, o embate entre dois tipos de formação? O do professor que cresceu, aprendeu e ensina a operacionalidade da palavra impressa. O do aluno que nasceu no mundo digital e não consegue entender seus educadores que, por sua vez, não entendem a nova sociabilidade, imagética, digital.
Compreender a nova sociabilidade é o primeiro passo que estamos dando. Depois, é necessário repensar a concepção do processo ensino-aprendizagem e fazer da prática uma interação com o imaginário social que se desenha.
Este é o campo digital onde os membros do grupo Midia & Educação registram as conversas e debates que ocorrem quinzenalmente no campus universitário da UEL. Seu principal foco temático são as mudanças que os novos meios eletrônicos de comunicação produzem na percepção do jovem e quais suas implicações para o processo educacional. Entenda este blog como um caderno de campo do passo a passo de nossas pesquisas. Participe, fazendo seu comentário. Quer fazer parte do grupo? Entre em contato.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
sábado, 24 de novembro de 2012
Entrevista com Kerckhove
Gente encontrei essa entrevista com Kerckhove e quis compartilhar, não sei se ja tinham lido mas é bem interessante. Leiam
Derrick de Kerckhove é professor do Departamento de Letras da
Universidade de Toronto, no Canadá, onde também ocupa o cargo de diretor do
McLuhan Program in Culture and Technology. Ele acompanha, como poucos, as
mudanças socioculturais provocadas pela popularização da internet e das
tecnologias da informação. Ex-assistente (e “herdeiro intelectual”) de Marshall
McLuhan, Derrick é autor de vários livros, como “Brainframes: Technology, Mind
and Business” (1991).
Nesta entrevista, concedida via
e-mail ao Vinícius Andrade Pereira, professor da UERJ e da ESPM, Derrick mostra
como essas novas tecnologias estão mudando o jeito de as pessoas se informarem.
Vamos começar considerando o impacto das novas tecnologias sobre o modo
como os jovens estão consumindo entretenimento… O que o senhor destacaria?
Veja o telefone celular, por
exemplo. Ele está distribuído mundialmente exceto, talvez, para jovens de
regiões extremamente pobres. O SMS (Short Message Service, o popular torpedo) é
barato e tem uma linguagem e uma cultura própria, desenvolvida no estilo
telegráfico de se digitar mensagens com o polegar.Textos que podem até ser mais
elaborados, mas ainda assim curtos, permitidos por equipamentos mais
sofisticados. Há também os games, os jogos eletrônicos.
Há muitos deles, formando a maior
indústria de entretenimento atualmente — maior mesmo que a própria indústria
cinematográfica — que deve ser interativa, porque o entretenimento, na sua
maior expressão, é em tempo real.
Isso significa que a indústria do
entretenimento hoje, sob a égide das novas tecnologias, deve ser participativa,
interativa, conectada e imediata. Formas de entretenimento com conteúdos
tradicionais como filmes, séries de TV e mesmo livros continuam a ser
consumidas, mas a ação real se dá para os jovens dentro de uma perspectiva do
“onde estou”, não em alguma ficção. Nesse sentido, talvez “consumo” não seja a
palavra exata . E mais, existem ainda as mídias sociais, tipo Facebook, Orkut e
MySpace, e mesmo os metaversos (Second Life, por exemplo) que promovem novos
playgrounds para os jovens. De maneira geral, as pessoas parecem não desfrutar
de softwares sociais para interconexões como faz a garotada, que está no auge
dessa onda.
E como as novas tecnologias estão mudando as maneiras das pessoas se
informarem?
Cada um de nós ocupa o centro de
uma esfera midiática eletrônica que nos apresenta todo tipo de informação, o
tempo todo, em qualquer lugar. McLuhan propôs que o meio é a mensagem, o
usuário é o conteúdo. Isso é verdade: nós estamos no centro de uma completa
imersão nas mídias e nos ambientes de informação.
As pessoas estão criando suas
próprias redes de informação, das mais imediatas (família e amigos), às
globais, através de blogs, comunidades virtuais e de softwares sociais. Podemos
dizer que as pessoas criam suas próprias informações coletivamente em sites
como a Wikipedia, por exemplo.
Criam tais informações de modo
individual e coletivamente através de sites como o del.icio.us ou o Flickr, por
exemplo. O conteúdo, o formato e a distribuição da informação mudaram também.
As informações são multimídia,
hipertextuais, etiquetadas (tagged), linkadas e interativas.
Como as universidades devem se “comportar” nesse contexto da cultura
digital?
Várias reformas deveriam ser
empreendidas a fim de permitir às universidades se beneficiarem das redes
sociais digitais, adaptando seus currículos e métodos de ensino, do mesmo modo
que seus métodos de avaliação, pesquisa e publicação. Mas as universidades não
estão com pressa de se integrarem plenamente às novas mídias. Sim, é verdade
que existem práticas tais como conteúdos de disciplinas que são dispostos da
forma de podcasting, e especulações em torno da Wikiversity, mas os estudantes
ainda têm que esperar o fim do lento processo de publicação das suas teses antes
que possam postular a um espaço profissional mais expressivo, dentro dos meios
acadêmicos. Parece injusto manter jovens doutores estudiosos privados de uma
publicação online e, desse modo , reduzir as chances de conquistarem mais
espaços de atuação, até que seus trabalhos sejam publicados no ritmo de lesma,
típico da publicação em papel.
O senhor tem viajado por todo o mundo, dando aulas e palestras em
diferentes países como Estados Unidos, Itália, Brasil e Japão, entre outros.
Como as novas tecnologias estão impactando essas culturas?
Penso que o importante para todas
as sociedades e também para todas as comunidades locais são o acesso e a
garantia de liberdades civis. O fornecimento de comunicação deveria ser uma das
responsabilidades principais do Estado, tanto quanto transporte, saúde,
segurança e outros serviços básicos. Contudo, observamos interesses variados
quanto à adoção de tecnologias de informação e de comunicação por diferentes
países. Testemunhamos, por exemplo, por muito tempo — e em vão — a resistência
da França contra a internet, para proteger o Minitel. E então, no começo dos
anos 90, ocorreu sua rápida recuperação no que diz respeito às taxas de adoção
da internet. Ou o caso da Itália, onde o acesso à internet ainda está em um
baixo patamar, de 31% da população, quando comparado aos 78% na Inglaterra. A
conseqüência de qualquer retardo na adoção dessas tecnologias é a promessa de
um crescimento econômico menor e mais lento. E isso se dá porque a capacidade
intelectual de um país não está sendo alimentada. É tão contraproducente para
um Estado frear ou resistir, através das suas leis, a formas de conectar
comunidades, quanto concentrar todas as energias da nação em uma única
indústria, como a do petróleo. Você precisa de ambos, músculos e cérebro, para
pôr um país em movimento.
O que o senhor diria
aos pais que estão educando seus filhos hoje? Quais seriam os limites e os
direitos de crianças que estão lidando todo o tempo com diferentes tipos de
mídias?
Este é o maior desafio da educação.
Mas é difícil encontrar professores que irão educar seus alunos para um uso
crítico da web. As mídias estão mudando tão rapidamente que as habilidades
requeridas para lidar com elas parecem, desde os primeiros dias da web,
reservadas às gerações mais novas. O que se pode ver, por exemplo, na idade de
Marc Andressen, 19 anos, quando desenvolveu o primeiro browser, o Mosaic. O
único modo dos pais intervirem eficientemente junto às “crianças online” é
partilhar a experiência com elas de vez em quando, mostrando através de
exemplos, usos adequados da mídia e se distanciando um pouco para ver como as
coisas vão… Dando um passo atrás para poder ver o quadro como um todo. Como
direitos das crianças, acho que são os mesmos que os dos adultos. Quero dizer,
você não invade a privacidade delas mais do que como você faz com um vizinho… :
O mundo online é uma extensão e não uma contradição ao mundo físico. Mas, como
em todas as coisas, há uma aceleração e multiplicação violenta dos efeitos de
qualquer meio e, no caso específico da internet, as possibilidades de se
escolher direções erradas estão multiplicadas.
Como o Brasil poderia aproveitar os celulares para acesso a serviços
básicos de cidadania, ou mesmo para votação?
Não conheço a cena política
brasileira o suficiente para falar com propriedade sobre isso…Mas posso afirmar
com certeza que, se o Brasil quer alavancar sua economia e assegurar o seu
papel como interlocutor no Primeiro Mundo, como está começando a acontecer, o
governo brasileiro deveria considerar a ideia de conectar todo o país,
começando com grandes concentrações da população, provendo conectividade de
graça para algumas favelas escolhidas sob certas condições, a fim de encorajar
o desenvolvimento e a maturação destas comunidades.
Fonte: http://www.cultura.gov.br/site/2008/08/25/internet-tambem-e-cultura-derrick-de-kerckhove/
Fonte: http://www.cultura.gov.br/site/2008/08/25/internet-tambem-e-cultura-derrick-de-kerckhove/
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS LEITURAS DE MCLUHAN (1964), LIMA (1976) E KERCKHOVE (1995)
“O
futuro já está aqui, a questão é que não foi
distribuído equitativamente” (William Gibson)
Lima, em seu texto “Mutações em educação segundo
McLuhan” (1976) alerta para o fato de que indivíduos envolvidos em qualquer
processo, não conseguem perceber mudanças em seu campo de ação, ou seja,
enquanto aqueles que estão de fora já identificaram mudanças no processo, os
que estão inseridos pensam permanecer no status
quo.
Em 1976, ano da 10ª edição deste ensaio, Lima faz
uma leitura - que até os dias de hoje refletem as instituições escolares -,
sobre as previsões de Mcluhan (In: Mutation – 1990) acerca do descompasso entre
a realidade social e a escola, entre a tradicional relação professor-aluno e a
sociedade da informação.
O sistema escolar instituído na Idade Média, não se
industrializou, permanecendo de “base artesanal”, não percebeu que com os meios
de comunicação de massa (MCM), o conhecimento não é mais prerrogativa somente
da escola e que, portanto, o professor não é mais um informador, que suas
palavras e os livros didáticos são apenas parte de um centro de integração (a
escola), que vão coordenar a reflexão sobre determinados fatos ou descobertas
cientificas, que foram de forma ilustrados e fragmentados noticiados nos MCM.
A educação, então, passa a ser uma autoeducação com
o acesso cada vez maior de indivíduos dos meios disponíveis, “todos podem desenvolver,
independente ou em grupos, um processo educativo em massa, independente da
presença do professor e da existência das escolas” (p. 7). Assim, podemos
pensar que o conhecimento é adquirido pela MCM em todos os espaços sociais,
desde a empresa até a rua e, especialmente, em rede, local que se busca a
matéria-prima da educação, que a retira do interior da escola e a coloca num
avião, num trem, num navio, espaço exterior que, longe da escola, que abrange toda a galáxia.
Nesse sentido, McLuhan, no prefácio de seu livro “Os
meios de comunicação como extensões do homem” (1964, p. 17), afirma que “depois
de um século de tecnologia elétrica, projetamos nosso próprio sistema nervoso
central num abraço global, abolindo tempo e espaço (pelo menos naquilo que
concerne ao nosso planeta)”. Claro é que todos os meios de comunicação que
surgiram e surgem na história da humanidade introduzem novos hábitos de
percepção. Assim como a linguagem impressa criou um ambiente humano totalmente
novo, desenvolvendo novas potencialidades, os MCM também o fazem. Isso
demonstra que as potencialidades humanas se desenvolvem de acordo com o meio em
que vivemos (Cf. Kerckhove. In: A pele da Cultura, 1995, p. 59), isto é, “[...]
Estamos para sempre a ser feitos e refeitos pelas nossas próprias invenções...
A nossa realidade psicológica não é uma coisa ‘natural’. Depende parcialmente
da forma como o nosso ambiente, incluindo as próprias extensões tecnológicas,
nos afecta” (Id. p. 33).
Continuação em breve...
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
o papel do livro na educação
http://zelmanemiziaeducadora.blogspot.com.br/2011/07/charge-em-sala-de-aula.html
Observando esta imagem me questiono:
até que ponto a educação atual não faz
a mesma coisa, utilizando-se de
procedimentos e metodologias
mais modernas?
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Com esta charge é possível identificar o que o autor Derrick de Kerckhove, em seu livro A Pele da Cultura, esta se referindo ao colocar que "os computadores deram-nos poder sobre o ecrã e permitiram-nos a personalização do tratamento de informação. Não é o mundo que se esta a tornar global, somos nós".
Assim quando o menino diz: "ela imprime enquanto você digita", endende-se que a partir de suas informações sobre o computador, ele redefina personalizando, por ter uma visão "digital de mundo", a concepção de utilidade da máquina de datilograr, tendo assim uma percepção completamente diferente da concepção anterior dessa era digital sobre a utilidade da mesma.
O que também releva essa ideia de que, não é o mundo que esta se tornando global, e sim nós que somos, pois com a tecnologia, nossa percepção de mundo se transforma, por estarmos inseridos nesse novo "senso comum" que é o processo digital.
Assim quando o menino diz: "ela imprime enquanto você digita", endende-se que a partir de suas informações sobre o computador, ele redefina personalizando, por ter uma visão "digital de mundo", a concepção de utilidade da máquina de datilograr, tendo assim uma percepção completamente diferente da concepção anterior dessa era digital sobre a utilidade da mesma.
O que também releva essa ideia de que, não é o mundo que esta se tornando global, e sim nós que somos, pois com a tecnologia, nossa percepção de mundo se transforma, por estarmos inseridos nesse novo "senso comum" que é o processo digital.
domingo, 19 de agosto de 2012
Eu sou a Terra a olhar para si própria
No capítulo final de seu livro A Pele de Cultura, Derrick de Kerckhove, descreve suas sensações e sentimentos ao observar pela primeira vez uma imagem da Terra fotografada do espaço. A experiência que lhe trouxe uma "emoção fantástica e um sentimento de ternura e espanto" também carrega um anúncio profético: "um novo ser humano está a nascer."
Ao combinar sua vivência com suas análises sobre as tecnologias e os seus efeitos na vida humana, Kerkhove afirma que a fotografia da Terra transformou a percepção do homem no que se refere a sua identidade e aos limites de seu "eu". O planeta que antes era uma "bola redonda suspensa no espaço" ilustrado em livros de escola, agora, visto através de uma fotografia, se transforma na Terra que mediante a imensidão do universo escancara as contradições do antropocentrismo.
Para Kerckhove, ver a Terra revelou a paradoxal sensação de "estar contido". A existência humana já não se faz somente dentro dos limites físicos de um corpo material, o homem passou a se ver como parte de um planeta e o planeta passou a fazer parte dele. A fotografia como extensão técnica das percepções humanas revelou: somos todos um, nas palavras de Kerckhove, "eu sou a Terra, eu e toda a gente." Evidencia-se a perda das fronteiras entre o eu e o meio ambiente e a relação humana com a natureza que antes dava-se de maneira frontal, dual e antropocêntrica, agora, revela-se a partir da interdependência, da conectividade e da percepção ecológica/ecossistêmica.
Essa redefinição da realidade humana e de sua relação com o meio-ambiente está intimamente ligada as suas experiências com as tecnologias de informação e comunicação. Nessa nova concepção identitária é revelada uma nova percepção da existência em que o homem não se concebe como separado do todo e torna-se uma "pessoa mais abrangente". Nesse sentido, como afirma Kerckhove, "o homem renascentista já não é o modelo", surge um novo ser humano e uma nova sensibilidade e, nas palavras de Maffesoli, para esse homem "não é mais a razão universal que vai servir como padrão." Desse forma, para pensar essas transformações paradigmáticas possibilitadas pelas novas tecnologias, busco as reflexões e contribuições da ecosofia "conhecimento que renasce [...] e que ainda não sabe como nomear-se [...] e que nesses diversos elementos que formam a verdadeira cultura, não são mais a separação e o corte que prevalecem, muito pelo contrário, o que subjetivamente se capilariza nas práticas cotidianas é a preocupação com a conjunção. O corpo e o espírito intimamente mesclados. O materialismo e o misticismo não mais como opostos. [...] É esse o âmago dessa ecosofia que está em pauta." (Maffesoli, 2010)
DERRICK, Kerckhove de. A pele da cultura. Portugal. Relógio D’ Água Editores. 1997.
MAFFESOLI,
Michel. Saturação. Trad. Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras, Itau Cultural, 2010.
Talita do Lago
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Plano
de trabalho para o artigo:
Os meios de comunicação como alternativa para a superação da crise escolar
A partir das leituras dos livros:
“Os meios de comunicação como extensões do homem” de Marshall Mcluhan e “A Pele
da Cultura” de Derrick de Kerckhove, juntamente com as discussões realizadas
pelo grupo sobre a temática mídia e educação, podem ser ressaltados como
aspectos relevantes as concepções expressas em ambos os autores sobre as
inflências da mídia, em nossos comportamentos, ou seja, as formas como: agímos,
nós vestímos, consumimos, e nós relacionamos. Influências tão brutais que
acabam se tornando impossível a separação entre o homem e a mídia, ou
tecnologia, por isso esta se torna extensão do homem.
Kerckhove ao descrever sobre sua
experiência ao ser monitorado tendo todas suas sensações ao ver imagens
captadas por aparelhos que integrados a fios e ligados a máquina, esta que
seria capaz de realizar o monitoramento, demonstrou exatamente essa
característica dos meios de comunicação, nesse caso as imagens, como extensões
do homem, pois mesmo com as preocupações que ele sentiu, acreditando que não
soube marcar com precisão as imagens que mais lhe agradavam e as sensações que
elas o proporcionavam, os aparelhos que o monitoravam, captaram suas reações, e
assim a cada imagem, cada sensação pode ser visualizada com o auxílio da
máquina.
Mesmo que inconscientemente,
mesmo que não seja perceptível por nós, nosso corpo esta respondendo aos
estímulos das mídias, das tecnologias, talvez seja esse o motivo da dificuldade
que sentimos em nós concentrar quando algum aparelho seja este; tv, rádio,
computador entre outros, está ligado perto de nós, pois estamos respondendo a
estímulos mesmo que involutariamente.
Tendo como base essas questões
iniciais, podemos constatar que os meios de comunicação, que por sua vez sofrem
cada vez mais constantes transformações, devem ser analisados tendo em vista a
importância que eles exercem na atualidade, e ate mesmo para entender, ou se
for o caso críticar as suas decorrentes limitações. Críticas que devem ter
embasamento, não existindo espaço para argumentação do tipo “a televisão é um
mal, pois as pessoas deixam de ler e assim de pensarem por si próprias”,
argumentos desse gênero além de ultrapassados não mudam em nada, pois os
comportamentos dos indivíduos e suas relações se transformaram em virtude dos
meios de comunicação, com isso esse tipo de crítica acaba por descredibilizar o
comportamento dos indivíduos e suas relações decorrentes.
Eis o ponto crucial da questão,
pois a educação escolar também descredibiliza os meios de comunicação, e isso
so faz aumentar o distanciamento existente entre o conteúdo apresentado pelos
professores e a realidade do eduacando. Isso porque os meios de comunicação que
são tão utilizados principalmente pela nova geração como internet e televisão,
são rechaçados pelo ambiente escolar. Mesmo existindo as chamadas TVs pendrive
nas escolas, estas ainda são utilizadas como exemplos, como recursos para
reforçar o que está escrito no livro, como se a TV fosse um complemento do
livro e não um meio de comunicação para o aprendizado.
Com isso os problemas da educação
escolar só fazem por aumentar e a crise da educação fica cada vez mais difícil
de ser superada. Com relação a esse aspecto de crise, o autor Kerckhove entende
que a crise é um momento em que existem julgamentos, que por sua vez dão
oportunidades para mudanças. Assim podemos concluir que a crise da educação
pode ser resultado de uma não mudança de um não julgamento, sobre a realidade
vivenciada com os meios de comunicação em alta e a forma como ela pretende
“transmitir” conhecimentos desconsiderando esses meios de comunicação.
É óbvio que existem vários fatores
que influenciam na crise da educação principalmente no caso brasileiro, fatores
econômicos, estruturais, culturais e sociais, mas, considero como sendo
importante analisar a crise da educação tendo como motivo a sua não adequação perante
as mudanças que ocorreram e vem ocorrendo por causa dos meios de comunicação,
ou seja a educação permanece estática, os comportamentos e as relacionamentos
dos indivíduos se transformaram em virtude dos meios de comunicação, mas, a
forma como a educação, como a Instituição escolar tenta transmitir os
conteúdos, o conhecimento, permanece a mesma.
Com essas constatações o tema para
o meu artigo é: Os meios de comunicação como alternativa para a superação
da crise escolar. Uma das
questões essenciais é: Por que
a educação escolar não aderiu, ou não ve credibilidade para que os meios de
comunicação possam ser utilizados para transmissão de conteúdos de
ensinamentos?
Assim em um primeiro momento serão
analisadas as questões relativas à crise da educação, tendo em vista analisar
muito mais seu caráter de distanciamento entre o conteúdo e os comportamentos
dos indivíduos em relação as tranformações decorrentes dos meios de
comunicações, do que os fatores relativos a problemas sociais.
Em um segundo momento serão
analisados as concepcões dos autores Mcluhan e Kerckhove, sobre como os meios
de comunicaçào estão presentes em nossos comportamentos, como somos
influenciados e por isso estamos como segundo o autor Kerckhove, ligados uns
aos outros por acontecimentos tão globais como o tempo, ou seja, mesmo com as
especificidades individuais os meios de comunicação reforçam os laços
coletivos, expressos pelos meios globais de comunicação.
Num terceiro momento serão
analisadas as questões relativas a concepções de outros autores sobre a
importância da utilização dos meios de comunicação para a educação escolar, e
como a instituição escolar necessita transformar sua maneira de compreender os
meios de comunicação, por serem extensões do homem.
E por fim como a escola pode
utilizar de meios de comunicação para transmissão de conteúdos e ensinamentos,
tendo como exemplo a própria TV pendrive.
REFERÊNCIA
BOBLIOGRÁFICA:
KERCKHOVE, Derrick de: A Pele
da Cultura. Santa Maria da Feira: Relógio D’Água, 1997.
MCLUHAN, Marshall: Os meios de comunicação como extensões do
homem. 5 ed. São Paulo: Cultrix, 1964.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
A
inteligência coletiva: uma discussão sobre a influência da internet sobre a
linguagem.
Ana Cele Pereira
Até que ponto a internet exerce algum
tipo de influencia sobre nossa linguagem e aprendizado?
A inteligência coletiva é um conceito que enriquece as pessoas ou é um
conhecimento falsamente adquirido através da internet e meios de comunicação? Num
mundo hoje dito como a Era da tecnologia, percebeu-se que tal tecnologia mais
propriamente ao que diz respeito à internet e outros meios de comunicação,
vimos que o conhecimento vem sendo muito adquirido através desses mecanismos de
comunicação.
Um
conhecimento valorizado por uns e por outros nem tanto, que provoca um debate
no que diz respeito até onde essa inteligência e conhecimento são culturalmente
constituídos e distribuídos por toda a parte. Através do desenvolvimento e
expansão da internet ou ao que alguns estudiosos chamam de ciberespaço, onde se
é desenvolvida essa inteligência artificial.
No
que diz respeito à linguagem, que foi nossa primeira tecnologia, segundo
Derrick de Kerckhove. Através da linguagem é que se inicia todo o processo de
informação. Também de acordo com Kerckove, a linguagem é a substancia da
inteligência humana, que nos equipa para reconhecer, compreender e viver nos
ambientes que constituem a realidade. Portanto, tudo que afete o
desenvolvimento e crescimento da linguagem também afeta o crescimento e desenvolvimento
da inteligência.
Nesse
sentido que penso ser importante a discussão do assunto, para mostrar até onde
chega essa influencia, quais as conseqüências dela dentro do ambiente de
ensino. Como o medo de muitos professores de que os alunos fiquem muito
dependentes dessa forma de obter conhecimento e esqueça-se de procurar outras
formas mais tradicionais para obter informação.
O
intuito aqui então seria procurar perceber e compreender os pros e contras que
formam e fazem da inteligência coletiva um conceito que é tido para alguns como
o remédio e o veneno da sociedade tecnológica.
MACLUHAN. Marshall. Os meios de comunicação como
extensão do homem. São Paulo. Editora Cultrix. 1994.
DERRICK, Kerckhove de. A pele da cultura. Portugal. Relógio D’ Água Editores.
1997.
LÉVY, Pierre.
Cibercultura. São Paulo. Editora 34, 1999.
LÉVY, Pierre. A
inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo. Edições
Loyola, 1998.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Reflexões eletrônicas: eu e o espelho
Cesar Carvalho
Atingi-la é o meu primeiro dever para comigo.
uma imagem
Esta charge e o texto que aparece acima foram postados em meu
mural, no Facebook pelo colaborador
deste espaço, Fernando Violin. Fiz um comentário um tanto quanto poético e, a
partir dele, o Fernando levantou algumas questões.
O diálogo ali iniciado exigia outro tipo de espaço. Decidi então
transferi-lo para cá, local mais adequado para uma reflexão sobre mídia.
A história começou quando bati os olhos sobre a imagem e, em
seguida li o texto que me deixou intrigado. Com a imagem, nem tanto.
Ela apenas reflete uma velha querela entre os adeptos da cultura
escrita e os da cultura eletrônica. Pelos traços, percebe-se a leitura nada
ambígua que o desenhista apresenta: a TV, com mais recursos e força tenta arrancar
o cérebro das mãos do livro. Este, coitado, finca seus pés no chão evitando ser
arrastado.
O ponto de exclamação pode ser tanto a manifestação de certa
surpresa pelo livro, diante de uma disputa inesperada, quanto pela diferença
entre um objeto comunicacional e outro.
Há ainda outra leitura possível, o livro sendo substituído pela
TV.
Seja qual for a leitura, ela apenas reitera certo senso comum que
coloca a TV como vilã e o livro como vítima. Posição conservadora e nostálgica:
o livro com a função mítica de civilizar o homem. Posição reacionária: não
reconhecer nas novas mídias eletrônicas, a TV é apenas uma delas, um novo
processo de socialização e cultura fundado não mais na palavra escrita, mas na
fruição eletroeletrônica dos meios de comunicação, onde a palavra também se insere.
Nem melhores, nem piores. Apenas novas maneiras de configurar as
relações humanas.
Desde sua invenção, a escrita revelou-se com enorme potencial para
organizar e racionalizar as atividades humanas. Não à toa, a maioria das plaquetas
com os primeiros escritos sumérios eram com informações contábeis. Felizmente,
dentre elas encontrou-se também o primeiro registro de uma história literária, A epopeia de Gilgamesh[1].
Escrita, a palavra torna-se extensão do olho, cria e se integra a
um dispositivo autorregulador que exige linearidade, conectividade lógica e
causal. Começo, meio e fim. Compreensão intelectual - mental - dos códigos. Daí
a palavra impressa, como bem o diz McLuhan, ser um meio quente. Exige pouca
participação dos sentidos de quem a lê.
Já com a TV as coisas são
diferentes. Os feixes de luz que conduzem a comunicação interagem com o
receptor em todos os níveis, estimulando todos os sentidos. Mais do que
intelectual, a experiência televisiva é epidérmica. É o corpo, não a mente, que
reage aos fluxos elétricos.
Por milênios, treinamos nosso cérebro de acordo com a palavra impressa.
Livros, jornais, revistas fizeram parte do processo de socialização do ser
humano adaptando-o à vida industrial, lógica e racional.
Com a emergência da era eletrônica, nossos cérebros agora se
redefinem a partir das experiências sensórias. A palavra escrita inscreve-se na
mídia eletrônica como um elemento a mais do processo sistêmico de comunicação.
Ainda pouco perceptível, as mídias eletrônicas redefinem o próprio sentido da
leitura.
O que se perde
é a primazia do livro, mas não o livro.
Eis porque
considero inútil esta briga entre
palavra escrita, mídia impressa e mídia eletrônica.
É uma discussão
que não explica, por exemplo, os processos de transformação que se vive nesta
nova cultura eletrônica e digital.
o texto
Quando, no
início deste post chamei sua atenção para o incômodo que o
texto acima da imagem me provocava. Na verdade, a palavra correta que deveria
usar aqui é incomodado.
Sobre o autor,
não tenho qualquer referência. Consultei seu mural no Facebook e não encontrei nenhuma pista que se relacionasse com o
texto. Ou, pelo menos, me ajudasse a resolver o incômodo com aquelas palavras.
A primeira
frase é brilhante: a palavra deriva da
própria palavra. Palavra gera palavra, signo gera signo e a linguagem se
constrói neste círculo vicioso, um dispositivo que se autogera e se
autorregula.
O problema veio
com a segunda frase: se a palavra não se parecer com ela mesma, vai se parecer
com quem, ou o quê?
A palavra,
simulacro de per se, só se reflete no
espelho se diante deste for pronunciada. A imagem refletida é a de quem fala.
De alguém que olhando a si mesmo, produz desde o próprio interior, de seu corpo,
a linguagem.
Refletidas, as
imagens se tornam reais no momento mesmo em que a linguagem as nomeia
especulares.
A palavra
especular tem um duplo significado.
Um ligado à
imagem do espelho, reflexo etéreo, difuso; o outro é o nome de exame clínico onde se
utilizam espelhos para dar visibilidade às entranhas do paciente. Ambos são
adequados para significar a palavra.
O primeiro
porque ela é sempre um simulacro. Coloca-se sempre no lugar do real, do vivido,
experimentado. O segundo, o especulo, revela, em suas imagens, a fonte
produtora da palavra: o corpo.
Acredito que o
autor se propôs uma tarefa difícil: atingir a palavra. Como é possível atingir
algo que está dentro da gente?
Diante destas
considerações, resolvi meu incômodo.
E coloquei como comentário no Facebook:
palavra produz palavra
|
cada vez que se olha no espelho
|
se parece comigo mesmo.
|
Uma resposta poética ao desconforto das
palavras.
Este foi o pontapé inicial.
Logo depois, o Fernando devolveu a bola:
Fernando Violin Eu to
pensando naquilo que o Kerckhove fala sobre a televisão e os computadores
mudarem a localização de processamento de informação de dentro dos nossos
cerebros para ecrãs a frente dos nossos olhos.
No próximo post,
continuo a conversa.
[1]
Leia-se os estudos de N.K.Sandars sobre as descobertas das plaquetas contendo A epopeia de Gilgamesh. 3ª. ed. São
Paulo: WMF Martins Fontes, 2011, p. 14.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
“O
significado é de que não há significado”
Fernando Augusto Violin
“De facto, estas
tecnologias não apenas prolongam as propriedades de envio e recepção da
consciência, como penetram e modificam a consciência dos seus utilizadores. A
realidade virtual ainda está mais ajustada a nós. Acrescenta o tacto à visão e
audição e está mais próximo de revestir totalmente o sistema nervoso humano do
que alguma tecnologia até hoje o fez. Com a realidade virtual e a telepresença
permitida pela robótica projectamos literalmente para o exterior a nossa
consciência e vemo-la <<objectivamente>>. Esta é a primeira vez que
o homem o consegue fazer.
Com
a televisão e os computadores mudamos a localização do processamento de
informação de dentro dos nossos cérebros para ecrãs à frente dos nossos olhos,
em vez de por detrás. As tecnologias do vídeo dizem respeito não só ao nosso
cérebro, mas a todo o sistema nervoso e aos sentidos, criando condições para
uma nova psicologia.” (Kerckhove, 1997, p. 34-35)
Essa consideração de Kerckhove (1997) sobre as mídias
levou-me a pensar em outra hipótese para a experiência da televisão no ensino
de Sociologia. De acordo com Turner (2005), quando uma experiência apresenta-se
de maneira desconcertante para nós, num processo interior, buscamos nas
memórias evidencias do passado para lembrar-nos de experiências pelo menos
semelhantes e encontrar significado para aquilo que se apresenta no presente,
possibilitando um novo significado através de uma relação.
Segundo Kerckhove (1997), estas experiências envolvendo as
mídias eletrônicas parecem transpor esse processo para fora das nossas mentes mudando
a localização de processamento de informação para frente dos nossos olhos e
criando condições para uma nova psicologia. Dessa forma, não há a possibilidade
da produção de novos significados, dissolvendo-se a experiência na aparência
das formas prevalecendo a intensificação dos sentidos em que “o significado é de que não há
significado” e o que vale é a experiência da “vitalidade intensificada” (DEWEY,
1934 apud TURNER, 2005, p. 184).
A
utilização da televisão no ensino de Sociologia não possibilitaria a produção
de novos significados uma vez que a experiência está voltada para os processos
externos da experiência humana.
Referências
KERCKHOVE, Derrick de. A
pele da cultura. Lisboa, Portugal: Relógio D´Agua, 1997.
TURNER,
Victor. Dewey, Dilthey e Drama: um ensaio em Antropologia da Experiência
(primeira parte). Cadernos de Campo –
revista dos alunos de pós-graduação em antropologia social da USP, nº 13,
ano 14. São Paulo: PPGAS/USP, 2005,
p. 177-185.
Mídia: alienação ou fonte de informação?
Essa charge expressa bem o termo Indústria Cultural criado em 1947 por Adorno e Horckeimer, ambos da Escola de Frankfurt, que, pessimistas em relação aos meios de comunicação de massa, consideravam como único objetivo destes a dependência e a alienação dos homens. Tendo como fonte os estudos de Mcluhan e Kerckhove, o objetivo do Projeto Mídia e Educação é justamente trabalhar o lado otimista desses meios, demonstrando que educação e transmissão de conhecimento não é prerrogativa apenas da escola (sala de aula) e que se faz necessário desmistificar a ideia de que a informação impressa é a única válida para a formação intelectual das pessoas.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
A televisão e a
experiência performática na sala de aula
Fernando Augusto Violin
A TV Pendrive,
como ferramenta de ensino na sala de aula, permite o trabalho com o recurso de
filmes, imagens, sons e movimentos. Durante a exposição de um filme, por
exemplo, relacionado a um conteúdo sociológico, o processo de ensino cria uma performance na sala de aula que intensifica as
experiências sensoriais e sensitivas em que a imagem, o som e o movimento
destacam-se numa experiência que possibilita o deslocamento das percepções,
onde o significado possa ser produzido e percebido de maneira mais intensa.
O antropólogo Victor Turner (2005) captou a
diferença em Dilthey que ele chama entre “mera experiência” e “uma
experiência”. A “mera experiência” é a
passiva resignação e aceitação dos eventos. “Uma experiência” é “como uma pedra
num jardim de areia Zen, destaca-se da uniformidade da passagem das horas e dos
anos e forma aquilo que Dilthey chamou de uma ‘estrutura da experiência’”. Ou
seja, ela não tem um início ou um fim arbitrários,
mas tem o que Dilthey chamou de “uma iniciação e uma consumação”, esclarece
Turner (2005, p. 178-179).
Ele continua dizendo que todos nós já tivemos certas experiências ao
longo da vida que foram “formativas” e “transformativas” envolvendo sequências
distinguíveis de eventos externos e de reações internas a eles como as
iniciações em novos modos de vida como formatura, casamento, aniversários,
entre outros. Algumas dessas experiências formativas são pessoais, outras são
compartilhadas com outras pessoas.
Turner (2005, p. 179) diz que “Dilthey via tais experiências como tendo
uma estrutura temporal ou processual – elas são ‘processadas’ através de
estágios distinguíveis” e interrompem o comportamento rotinizado e repetitivo.
Estas experiências iniciam-se com choques de dor ou prazer e invocam
precedentes e semelhanças de um passado consciente ou inconsciente e “as
emoções de experiências passadas dão cor às imagens e esboços revividos pelo
choque no presente”.
Logo em seguida, ocorre uma necessidade de encontrar significado naquilo
que se apresentou de maneira desconcertante, através da dor ou do prazer, e
coverteu a “mera experiência” em “uma
experiência”. Isto ocorre quando tentamos juntar passado e presente,
relacionando a preocupante experiência presente com resíduos de experiências
passadas, se não semelhantes, pelo menos relevantes. Quando isso ocorre “emerge
o tipo de estrutura relacional chamado ‘significado’”.
A experiência completa-se na expressão de uma forma performática e, dessa
maneira, Turner (1982) entende que o estudo das performances na busca dos significados
simbólicos é essencial na Antropologia da Experiência, exatamente porque a performance consuma a experiência.
Atualmente,
a aplicação teórico-metodológica da noção de performance é bem ampla, diversa e interdisciplinar. De acordo com Silva (2005), um eixo teórico
refere-se aos estudos de Victor Turner com o teatrólogo Richard Schechner que
entendem a performance como
manifestações de eventos rituais diferentes do cotidiano, configurando um tipo
“metateatro” da vida cotidiana, se a vida é encarada como a representação de um
teatro e papeis normativos. Em outras palavras, para esses autores, as performances:
[...]
constituem um espaço simbólico e de representação metafórica da realidade
social, através do jogo de inversão e desempenho de papéis figurativos que
sugerem criatividade e propiciam uma experiência
singular, que é, ao mesmo tempo, “reflexiva” e da “reflexividade” (SILVA, 2005,
p. 43).
Assim
sendo, de acordo com a perspectiva de Victor Turner, para se conhecer as
contradições da vida social, há a possibilidade de um “deslocamento do olhar”
para os elementos da vida social através das performances que interrompem o fluxo da vida cotidiana e propiciam
aos sujeitos a possibilidade de tomarem distância aos seus papéis normativos e,
através de lampejos, repensar a si mesmos, bem como a própria vida social e até
mesmo refazê-la. É a partir dessa noção que pensamos as experiências
performáticas na sala de aula no ensino de Sociologia que podem trazer novas
ideias e suscitarem novos significados.
Bibliografia
SILVA, Rubens Alves da.
Entre “artes” e “ciências”: A noção de performance
e drama no campo das ciências
sociais. Horizontes Antropológicos,
Porto Alegre, ano 11, nº 24, p. 35-65, 2005.
TURNER, Victor.
Introduction. In: TURNER,
Victor. From Ritual to Theatre: The
Human Seriousness of Play. New York: PAJ Publication. 1982.
_____________. Dewey,
Dilthey e Drama: um ensaio em Antropologia da Experiência (primeira parte). Cadernos de Campo – revista dos alunos de
pós-graduação em antropologia social da USP, nº 13, ano 14. São Paulo:
PPGAS/USP, 2005, p. 177-185.
Experiência com a televisão no ensino
de Sociologia
Fernando Augusto Violin
Tendo como base as análises da experiência de
estágio quando eu graduava o curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual
de Londrina, pretendemos compreender através desse projeto as percepções dos
estudantes provocadas pela experiência de
ensino de Sociologia através de recursos audiovisuais utilizados pela TV Pendrive na sala de aula de uma escola pública em Londrina/PR.
A TV
Pendrive é um projeto da
Secretaria de Estado da Educação do Paraná que prevê televisão de 29
polegadas para as 22 mil salas de aula da
rede estadual de educação – com entradas para VHS, DVD, cartão de memória, pen drive e saídas para caixas de som e projetor multimídia.[1] Pela
experiência no estágio e pelos depoimentos de professores que encontramos, seu
uso já anda prejudicado quando a tv não funciona corretamente, não lendo certos
tipos de arquivos, ou quando lê, trava as imagens e o áudio. Além do que, numa
sala grande com uma quantidade numerosa de estudantes, a possibilidade de todos
visualizarem as imagens e ouvirem o áudio perfeitamente é pequena.
Desde a inauguração do projeto em
2008, vemos que o entendimento sobre a
utilização da TV Pendrive nas salas de aula dividem os educadores desse processo
em aqueles que acham favoráveis a utilização dela e aqueles que são
desfavoráveis como uma ferramenta de ensino conservadora. No entanto, além de
se posicionar em relação a essa mudança na sala de aula, devemos compreender o
significado que essas novas tecnologias incorporadas no processo de ensino
representam para os estudantes.
Para tanto, começo
perguntando que tipo de experiência perceptiva é vivenciada na sala de aula com
a televisão? E ainda, essa experiência possibilita a criação de novos
significados? E como ela é compartilhada? Talvez,
através da exposição de imagens, sons e dos filmes que se relacionam com os
conteúdos do ensino de Sociologia, causamos um maior impacto nas percepções dos
alunos de modo a intensificar a experiência de ensino-aprendizagem.
Em 2010, durante a regência de uma aula no colégio
Polivalente com meus colegas, percebi que nos
momentos que tratávamos de conceitos mais teóricos para explicar o processo de
globalização o qual os eventos de cosplay fazem parte, misturando elementos de várias culturas
pelo mundo como os Estados Unidos e Japão, alguns alunos perdiam a atenção no
que estava sendo passado. A atenção e o interesse dos alunos com o
conteúdo só aumentou no final da exposição quando mostramos fotos pela TV Pendrive dos eventos de cosplay. No final, todos olhavam para a TV, até os mais
desinteressados na aula, uma vez que as fotos mostravam as pessoas fantasiadas
de seus personagens favoritos, personagens dos jogos de vídeo-game, desenho
animado ou filmes, próprios do universo juvenil.
No meu ponto de vista,
o fato de estarmos falando dos eventos de cosplay chamou atenção dos alunos por ser um evento do
universo juvenil, predominantemente. A escolha do tema para a aula foi um
primeiro passo para falarmos num mesmo universo deles. Como também chamou a
atenção deles o uso do recurso das fotografias para mostrar os eventos e o uso
da televisão como um instrumento da aula expositiva. Como disse o professor
Jeferson uma vez durante uma aula a qual eu acompanhava como estagiário no
CEEBJA Herbert de Souza: “Os adolescentes estão na era da imagem”, sendo
impossível expor uma aula no ensino médio, hoje, utilizando somente o quadro e
o giz.
Ao ministrar uma
regência sobre o uso de tatuagens e outras formas de modificações corporais na
III Jornada de Humanidades do Colégio de Aplicação, a expressão de
surpresa dos estudantes do ensino médio ao olharem para a primeira foto na TV Pendrive que mostrava um homem de uma cultura diferente furando o beiço,
chamou-me a atenção. Praticamente homogênica a sonoridade de ohhhhhh!!!!!!!!!.
Isso mostra que novas formas de tecnologias inseridas no processo de
ensino proporcionam outras maneiras de apresentar o conteúdo de ensino aos
alunos, mediante uma nova forma de relação. Essa mudança nas salas de aula
pareceu-me relevante de refletir, uma vez que o conhecimento educacional é
conseqüência dela.
[1] Disponível em http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=32.
Último acesso em 03/11/2011.
PENSANDO O PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO: ENTRE A LINGUAGEM IMPRESSA E A AUDIOVISUAL
ENTRE A LINGUAGEM IMPRESSA E A AUDIOVISUAL:
PRODUÇÃO DE MATERIAIS TEÓRICOS E DIDÁTICOS
PARA PROFESSORES DE SOCIOLOGIA
SUMÁRIO
• As tecnologias e os seus efeitos físicos e psicológicos (embasamentos teóricos): a partir de leituras como “A pele da Cultura” (Kerckhove, 1995) e “Os meios de Comunicação como Extensões do Homem” (Mcluhan, 1964), elaborar materiais que esclareçam a distinção entre a “estrutura cerebral” de estudantes jovens que nasceram sob a influência da linguagem audiovisual das novas tecnologias e de professores que cresceram tendo, prioritariamente, sua mente estruturada para a linguagem impressa.
• Entre a linguagem impressa e a audiovisual (problemática): a diferença de percepção entre aqueles que tiveram suas mentes estruturadas de uma forma ou de outra (impressa ou audiovisual) e o atraso no sistema educacional no que se refere, especialmente, às novas tecnologias, geram diversos desafios e dificuldades para o professor/a. Compreender que o ser humano desenvolve suas potencialidades de acordo com o meio ambiente significa compreender também que quaisquer mudanças na linguagem resultam em mudanças na forma de organizar o pensamento e também na cultura.
• Da teoria para a prática (resultados): elaborar, por meio das leituras de Mcluhan e Kerckhove, artigos, apostilas e textos e trabalhá-los em oficinas, palestras, seminários, cursos de formação, etc. com os professores de Sociologia em diversos eventos promovidos pela UEL, SEED e outros voltados para o ensino de Sociologia, propiciando uma reflexão que os leve a reavaliar os conceitos sobre os meios e as suas funções.
• Para refletir: compreender e explicar que estamos sempre sendo feitos e refeitos pelas nossas próprias invenções (Kerckhove, 1995, p. 33); que o meio é a mensagem, sendo que alguns podem nada deixar para refletir, enquanto outros podem deixam muito; que os meios de comunicação eletrônicos são “extensões, não só do sistema nervoso e do corpo, mas também da psicologia humana” (Dewdney, 1995, p. 27); que “a linguagem e o alfabetos constituem uma espécie de “software’ que nos predispõe para as tecnologias; que na história da humanidade, as novas tecnologias sempre declararam guerras às culturas na quais surgiram; que o computador é a tecnologia que recupera parcialmente o equilíbrio entre a forma de pensar alfabéticas e videográfica, ao criar uma espécie de livro eletrônico; e que a reflexão desnaturalize a ideia de que só é possível ensinar e aprender por meio da linguagem escrita/impressa.
Joana D'Arc
segunda-feira, 18 de junho de 2012
tecnologias e percepção
Esta charge expressa bem a temática que nosso grupo de pesquisa desenvolve: haveria um conflito entre as tecnologias e nossa capacidade mental ou as tecnologias de comunicação seriam uma extensão de nosso cérebro? Qualquer que seja a resposta, a pergunta que se coloca: quais as implicações que as tecnologias trazem para a percepção do ser humano?
cesar carvalho
fonte da charge:Atividades para Alfabetização e Educação Infantil -> ttp://atividadeeduca.blogspot.com.br/
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Algumas descobertas...
As leituras preliminares de Mcluhan e Kerckhove e os debates nos seminários sobre mídia e educação têm levado a descobertas e, especialmente, a questionamentos em relação àquilo que, familiar na nossa prática, é estranho à nossa compreensão: os meios de comunicação e os seus efeitos na percepção do homem. Esses meios de comunicação, cada dia mais complexos, são considerados como extensões, não somente da psicologia humana, mas também do sistema nervoso e do corpo. E mais, de acordo com Kerckhove, a internet cria uma mente coletiva que excede as capacidades de qualquer ser humano individual, ou seja, cria uma realidade psicológica que precisa ser analisada não como uma coisa “natural” e sim como algo afetado pelo nosso ambiente, incluindo as extensões tecnológicas. Tais considerações colocam-se como relevantes e instigantes aos profissionais das Ciências Sociais, provocando a necessidade de estudos e descobertas que nos levem à compreensão dessas novas percepções, dessa nova condição psicológica dos indivíduos que vivem sob a influência da inovação tecnológica.
Joana D'Arc
sábado, 19 de maio de 2012
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